A revolução que está virando o mundo

By Alú Rochya - junho 27, 2023

La revolución espiritual que está cambiando al mundo


◢  Alú Rochya 

Precedida das três grandes revoluções que mudaram radicalmente a vida no planeta, um quarto movimento evolutivo se afirma nos primórdios do novo milenio e já vai conquistando nome próprio: Revolução Espiritual. Não é religiosidade, não tem igreja  e muito menos dogmas. Trata-se de uma nova visão, mais abrangente e inclusiva da humanidade, que reconhece os vínculos e a inevitável e necessária interdependência entre todos os elementos que viajam pelo espaço a bordo da mãe Terra.

A vida da espécie humana mudou radicalmente a partir da primeira dessas tres revoluções, a Revolução Industrial, que se desenrolou entre 1760 e 1840, período no qual a manufatura de produtos passa da limitada produção elaborada pelas criativas mãos dos artesãos para uma produção massiva posibilitada pelo uso de máquinas.

A segunda revolução é a denominada Científico-Tecnológica que, a longo do século 20, funciona como um upgrade da anterior avançando na automação daquela produção en longa escala, modernizando os procesos e acabando por criar um ámbito comercial global.

O capitalismo, que vinha sustituindo o sistema feudal, amadurece de vez e se afirma como o sistema materialista dominante, tirando proveito dos benefícios organizacionais e produtivos de essas dois revoluções. É o chamado progresso, cujo traço mais distintivo foi a desnatureza brutal da aceleração da vida, consecuencia lógica da inédita aceleração da produção de bens e serviços.

Nesse embalo foi aparecendo a democracia que, até meados do século 20, assegurava amplos direitos para a elite mandante que usufria os ganhos da modernização e poucos direitos para a maioria da população mundial, usada como força produtiva em troca de compensações mínimas que apenas garantiam uma precaria sobrevivência.

As leis do universo procuram o equilíbrio e, por isso, planetas e estrelas não batem entre eles e dançam harmoniosamente. Nessa linha, essas leis pressionam para superar qualquer descompasso devenido do movimento cósmico de expansão e transformação.

Assim, as profundas desigualdades geradas pelo progresso em nosso planeta encontraram uma reação daquelas maiorias marginalizadas do acesso aos frutos. E no transcurso das décadas de 1960 e 1970, múltiplas e diversas expressões artísticas, culturais, sociais, económicas e políticas, clamando por liberdade e igualdade, floresceram pelo mundo afora.

Desde a contracultura hippie, criticando o sistema capitalista e a sociedade de consumo, propondo uma vida comunitária baseada em igualdade e paz entre as pessoas e condenando todo tipo de guerras e violência até os movimentos guerrilheiros que, no outro extremo, pregabam a luta armada para acabar de vez com a plutocracia explotadora e excluinte, um amplo, diverso e colorido leque de movimentos em estado de rebeldía achavam seu comum denominador numa palavra vital, empolgante e promissora: Revolução.

Revolução. Assim, sem aditamentos. A terceira grande revolução. Esse passaria a ser o sobrenome de uma família generacional de revolucionários que chegou para quebrar tudo e botar o mundo de pernas pro ar.

Enquanto os donos do jogo entendiam que o desenvolvimento das energias tinha alcançado um bom tamanho e pretendiam congelar tudo nessa nova ordem mundial onde eles davam as cartas e ficavam sempre com os ganhos das apostas, un vasto sentimento se expandía pelo planeta demandando mais outra volta do parafuso, uma re-evolução que colocasse os direitos conhecidos como um direito de todos e inventasse novos direitos que deram garantia de existência aos infinitos rostos da humanidade que emergiam nas ondas da pleamar desbordante das liberdades democráticas.

Depois dessa 
multipolar re-evolução, 
o mundo já no foi o mesmo.

Depois dessa multipolar re-evolução, o mundo já no foi o mesmo. A verdade foi ganhando espaço e tudo foi ficando visibilizado. Assim, o mundo patriarcal,  produtivista, consumista, hiperconectado, interdependente e vertiginoso onde uns poucos super-ricos são cada vez mais ricos e as multidões de pobres ficam cada dia mais pobres, acabou por achar seus próprios limites e mergulhou num estado de crise terminal que, desde o ano 2008, vai se extendendo como uma mancha de óleo, sem soluções à vista.

Surfando na ressaca dessa crise, aparece um quarto movimento de impacto civilizacional: a Revolução Espiritual. Trata-se de um estagio de re-evolução não violento, múltiplo, diverso, que floresce no interior do ser humano e transcende qualquer limite da ordem material como também as fronteiras de caráter religioso. E apoia seu dizer e seu fazer na energia mais poderosa e inteligente do universo: o amor.

A partir da revolução industrial, o modo primordial de vida em nosso planeta se materializou radicalmente, até o ponto de fazer que os próprios humanos passaram a ser tratados como meros objetos, uma espécie de bonecos carnais. Poderiam ser comprados, vendidos, leiloados, trocados, descartados.

A manipulação foi tão arrasadora que as próprias pessoas perderam de vista sua condição de sujeitos. O materialismo determinou que a energia densificada, visível, palpável, mensurável, fosse o alfa e o ômega da existência humana, o sentido primeiro e último do fato de estar vivo, desdenhando, desvirtuando, manipulando toda informação espiritual, invisível, incomensurável e transcendente.

Em consecuência, as características sutis do ser (sentimentos, valores, emoções, vocações, sonhos, dignidade, etc) ficaram num segundo plano, flutuando num limbo.

Uma colosal maquinária subliminal foi degradando cínicamente aos indivíduos, esvaziando-os do poder espiritual e oferecendo subtitutos materiais onde a felicidade pode ser achada nas prateleiras do mercado. A Coca-Cola foi mais longe e nos incitou a abrir uma garrafa do tradicional refrigerante para pegar a tal de felicidade. Bebei o elixir e sereis felizes.

No sentido contrário, de dentro pra fora, da intimidade subjetiva do ser para a objetividade das circunstâncias, vem se gestando, nas mais diversas latitudes, um movimento de transformação da obsoleta energia e seu fracassado paradigma civilizatório, expressado en múltiplas e caleidoscópicas rebeliões. Individuais, grupais e coletivas, elas se alimentam de um menú  com as mais variadas reivindicações.

Já não é apenas o enorme pano branco clamando em letras pretas por Paz, Pão e Trabalho, detrás do qual ainda marcham desesperadas muchedumbres agônicas. No rasto da Primavera Árabe, outras multidões se espalham pelo planeta, armadas de cartazinhos multicores que gritam as inúmeras demandas de gente sedenta de liberdade e realização pessoal.

É como se uma murmurante procesão de homens e mulheres que rogabam aos céus pelo mínimo pão nosso de cada dia houvesse explodido em vibrantes desfiles carnavalescos, para exigir que os rios de leite e mel do paraíso se derramem, abundantes sobre a Terra, aqui e agora.

Se espalha um espíritu de re-evolução, de vontade de dar mais um passo a frente no proceso evolutivo e, tateando, meio cegas, meio dormidas ainda, as pessoas começam a sentir, a pressentir, a perceber que há muito mais além do que nossos olhos comuns conseguem olhar.

Ter em conta às pessoas 
em sua qualidade de almas, 
únicas, irrepetíveis.

Aborrecidos pela corrupção, abusos, sometimento, discriminação, descaso e de serem tomados por idiotas, os cidadãos sem cidadania tentam ensaiar um basta!!! de caráter sagrado. Um limite que revele a necessidade preemente de ter em conta às pessoas em sua qualidade de almas, únicas, irrepetíveis. Ou, se preferir uma versão mais carnal, em sua dignidade humana, respeitando seus sonhos, anseios, vocações. E não olhá-los como meros robós produtores/consumidores funcionando num círculo bobo de eterna insatisfação, onde a ilusão de felicidade que nos oferece o consumo se esvai quando o último bocado de ilusão é consumido.

Em simultáneo com essas manifestações massivas e aproveitando o livro aberto da Internet, no plano individual vamos nos deparando com saberes antigos e lembranças do futuro, que abrem o curso de novas práticas e formas de estar nesta vida aproveitando os presentes que o planeta nos entrega dia a dia e ampliando nossa consciência da realidade.

Exercícios de economia colaborativa, veganismo, consumo responsável, permacultura, bioconstrução, terapias holísticas, sustentabilidade, autoconhecimento, vida slow, compartilhamentos de véiculos, vivendas e espaços de trabalho, são apenas alguns dos rótulos que prenchem os vários listados de paradigmas novos focados na realização, no crescimento e no bem-estar da alma.

Somos seres vindos de estrelas distantes, espíritus sutis enfiados na camisa de força desse corpo denso e limitado, para experimentar uma intenção evolutiva. Neste plano terrenal, o corpo resulta imprescindível para realizar o que desejamos como alma. Somos a expressão indivisível de uma entidade espiritual invisível e poderosa num veículo orgânico.

Por isso, toda prática espiritual à margem da materia terrenal é um estéril devaneio, pois essa experiência só podemos realizá-la e processá-la com nosso duplo material, o corpo.

Paralelamente, toda existência vivenciada apenas com a matéria resulta no extravio total de nossa identidade divina.

Ser, aqui e agora, é exercer o equilíbrio cósmico entre o espírito invisível e a matéria visível na que estamos encarnados. Ou seja, viver a experiencia em plenitude, de corpo e alma.

Nunca jamais como hoje se falou tanto de espiritualidade. A revolução espiritual cresce de abaixo, desde a individualidade de cada pessoa, da procura dessa pessoa pela verdade que lhe ajude a encontrar uma luz no fim do túnel sombrio para iluminar as próprias carências e sanar as suas chagas.

A contramão das sombras que agitam, desesperadas, os fiapos de suas bandeiras de medo e de ódio, sabendo que chegaram na última fronteira, as luzes do novo tempo vão se acendendo, propiciando um novo amanhecer, revelando os belos estandartes que nos guiam em direção a uma nova revolução global, uma revolução de amor. Axé. ✤

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