Zorba o Buda, um abraço de corpo e alma

By Alú Rochya - janeiro 03, 2025


Aprender a desfrutar dos prazeres de Zorba, o Grego 
e da silênciosa serenidade de Gautama, o Buda.
                                                                                                                                 -Osho-

Nessa frase, que funde a brutalidade carnal e festiva de Zorba com a sutileza meditativa e transcendente do Buda, Osho sintetiza como é o jeito certo do homem ser e estar neste planeta. Conectado com o mundo invisível enquanto caminha pisando no chão.

Sincronizado com o fim dos tempos, ele anuncia a morte do homem velho, um ser que até agora nunca viveu verdadeiramente, de modo pleno e livre, por ter ficado numa prisão que acreditou ser um lar. A mente capturada numa teia de aranha de ideias e conceitos impostos a sangue e fogo, control tecnológico, pensamento único.

Por isso, Osho nos lembra que levamos padecendo um inferno de mais de três mil anos de guerras, enquanto somente de vez em quando um Buda tem florescido. Algo fundamental deve ter saído errado.

O mestre indiano entende que o erro crasso é o homem ter vivido num campo de batalha entre o material e o espiritual, entre o bem e o mal, entre Deus e o diabo, entre o baixo e o alto, entre isto e aquilo. Sempre dividido em duas opções, onde, claro, uma delas era chamada de inimigo.

Ele denuncia a existência de uma intenção nisso: para destruir o poder do homem, tem sido usada a grande estratégia da divisão. O homem tem sido pressionado a escolher entre ser um materialista ou ser um espiritualista. Disseram ao homem que ele não pode ser ambos.

E essa tem sido a causa raiz da miséria humana, afirma. Um homem dividido contra si mesmo irá permanecer no inferno. O paraíso nasce quando o homem não está mais dividido contra si mesmo. A divisão do homem significa miséria e o homem integrado significa regozijo.

Sua mensagem é: criem um novo homem - não dividido, mas integrado, completo. Buda não é completo, nem Zorba o Grego. Ambos são metade e metade. Eu amo Zorba, amo Buda. Mas quando olho no âmago mais profundo de Zorba, algo está faltando: ele não tem alma. Quando olho dentro de Buda, novamente algo está faltando: ele não tem corpo.

Osho propõe um grande encontro entre Zorba e o Buda, uma nova síntese, que expressaria o encontro do céu com a terra, o encontro do visível com o invisível, o encontro de todas as polaridades: do homem com a mulher, do dia com a noite, do verão com o inverno, do sexo com o samadhi, do sagrado com o profano. Depois, as polaridades desaparecem uma na outra e os polos opostos se tornam complementares. Somente com esse encontro um novo homem surgirá na terra.

Osho entendeu a crise civilizatória que estamos atravessando como um desafio, uma oportunidade de criar o novo, um caos necessário para inventar um novo cosmos. Por isso, na contramão do mundo de degradações e espanto que nos revela diariamente o noticiário, ele declarava que somos afortunados de estar vivos nestes tempos críticos, vivendo numa das mais belas épocas, porque somente através do caos nascem as grandes estrelas. E essa é uma oportunidade que acontece somente de vez em quando - muito rara.

O mestre traduz a simbiose de Zorba o Buda, descrevendo ao novo ser humano como um místico, um poeta, um cientista, tudo junto. Ele não irá olhar para a vida através das velhas divisões corroídas. Ele será um místico pois ele irá sentir a presença de Deus. Ele será um poeta pois ele irá celebrar a presença de Deus. E ele será um cientista pois ele irá pesquisar essa presença através da metodologia científica. Quando um homem for todos os três reunidos, o homem estará completo.

Osho visualiza um ser humano sem condicionamentos ideológicos ou morais, que apreciará a vida através da consciência, da percepção, da espontaneidade, da criatividade. Um ser aberto e honesto. Transparente, real, autêntico. Que não irá viver perseguindo metas, mas experimentando tudo no aqui e agora. Ele conhecerá apenas um tempo, agora, e apenas um espaço, aqui. E através dessa presença, ele conhecerá o que Deus é.

Este é -diz- meu conceito de um homem santo.
 
É assim que Osho nos descobre a existência de uma oportunidade para criar um novo ser humano. E para criar um novo ser você tem que começar com você mesmo. Você pode ser Zorba o Buda. Um homem, uma mulher, íntegros, na completude total de seu yin e seu yang. Acatando na carne o mandato divino de sua alma.

O planeta e a humanidade ainda passarão por baitas chacoalhadas, mas o novo ser humano já é uma semente estelar da qual irá florescer o novo mundo. 

A florescer-se, então, a florescer-se. 





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